365 Chances para Amar.
#Day 254
“O grave retumbava contra as paredes finas,
um falho subterfúgio contra a torrente
incansável de pensamentos e lembranças…
Tudo ao redor remetia à ele, seja no cítrico de
seu perfume à textura acetinada de sua pele
sempre tão pálida. Estava na parede quase
sem quadros, nas almofadas de pelúcia e até
mesmo na ridícula fotografia de um verão
passado, onde nem mesmo as queimaduras
de sol conseguiam serem tão vermelhas quanto
as bochechas que revelavam mais da paixão
do que a própria voz…
‘Eu sinto sua falta’ dizia a canção e mais uma vez,
um caminho de lágrimas guiava passadelas um
tanto trôpegas na embriaguez da saudade
até a varanda, cuja vista soturna revelava mais
estrelas do que se pode contar.
Uma estrela cadente cortando o céu quase rompe
o silêncio da angústia e numa súplica à qualquer
força superior, o murmúrio clama…
‘Por favor, traga-o para mim!’ e mais lágrimas rolam
e se embolam na garganta, junto ao grito que se
perdeu no caminho dos pudores exigidos pela
sociedade infame.
Ding Dong! Alguém toca à campainha…
…
….
…..
O peito arfante buscava sincronia na sintonia quase
cacofônica que a melodia agora executava; olhos nos olhos,
corações perdidos demais em receios para agirem por
livre e descarrilado querer, e ainda sim, quando juntos ao
alcance de falanges e braços, ah, nada podia ser mais certo…
Talvez, só talvez, o destino tenha formas estranhas
de nos dizer que tudo é relativo… Até mesmo a dor.”
ydc, September 11th of 2021, 10:17 pm.