365 Chances para Amar.
#Day 169
“Ouvi calada, no Silêncio de uma saudade não dita,
que confessar o amor em voz alta à quem se ama,
pode ser mais doloroso e cruel do que vivê-lo em
sua quieta magnitude…
Mas eu, como sempre fui destemida em meus dizeres,
não me importei se dizê-lo que quebraria um ou duas
vezes, contanto que eu dissesse, e ele soubesse…
Então eu o disse, alto claro; deixei que soasse como a
chuva tórrida nas tardes quentes do verão de Julho; fiz
que cada palavra e vírgula e ponto e exclamação fossem
fiéis a mim, de toda a natureza, de toda a sua verdade, e
dei significância à todos os versos, poemas e canções que
as páginas amarelada de um bloco pautado qualquer
abrigaram, nas noites luminosas no hemisfério oposto.
Quando terminei, me preparei para tudo… Do riso às piadas,
da chacota à negação, do dar de ombros ao olhar piedoso de
quem é gentil demais para dizer que não sente o mesmo. Só
não me preparei para aquele sorriso, nem para o corar tão doce
das bochechas redondas, nem para o leve desviar dos olhos, ou
a maniazinha de ficar apertando a pontinha da orelha, só para
desviar o foco de sua tensão.
Não me preparei para a proximidade, para a mudança atmosférica
do oxigênio ao nosso redor, que pareceu ganhar uma carga magnética
nunca antes sentida ou para como o espaço entre nós diminuía cada
vez mais, a cada passo dado. Eu parecia congelada, fincada numa
incoerência tão grande que talvez, nem se me desenhassem eu entenderia.
Mas, acima de todas as coisas, não estava preparada para aquele toque,
dos lábios rosados e pequenos que eu já havia perdido a conta de quantas
vezes descrevi e muito erroneamente – agora eu sei – supus serem frios e
ardilosos. A verdade é que não eram… Por Deus! Eles não eram…
Eram quentes e doces exatamente como lemos em tantos romances por aí,
moldados numa textura sem igual, impossível de ser expressa.
Mas, acima de todas essas coisas, todas mesmo, eu esperava tudo, menos
ouvi-lo dizer aquelas duas palavras…
Eu também.”
ydc, June 18th of 2021, 8:19 pm.