365 Chances para Amar.
#Day 326
“Eram exatamente 16:47hs quando me despedi pela última vez
do professor da matéria teórica mais legal do meu curso…
Não foi um adeus de verdade, não, até porque ainda nos
encontraremos na prova final, mas a sensação amarga da
despedida da minha última aula de Contraponto deixou o
meu coração apertadinho… Como se um pedacinho de mim
estivesse me deixando. E talvez seja isso mesmo. Há quem diga
que, para cada pessoa com quem convivemos, sendo ela uma
pessoa boa ou ruim, ao final de um ciclo ou no momento de uma
despedida, não importa o caráter dessa, deixamos com ela um pedaço
de nós mesmos. Acho que acredito nisso hoje, muito mais do que
cheguei a acreditar no passado…
Hoje eu tive minha última aula de Contraponto antes da minha prova final,
prova essa que literalmente marca o final de uma jornada longa, produtiva,
feliz e triste ao mesmo tempo… Uma jornada que me trouxe várias razões
para sorrir, mas que em momentos críticos, também quase me fez desistir.
Felizmente, graças a algumas pessoas – e esse professor especial está
incluso nessa seleta lista – incríveis e inesquecíveis, fui capaz de superar meus
medos e ultrapassar cada obstáculo imposto em meu caminho.
Talvez soe bobagem para alguns, outros vejam como um grande exagero,
talvez alguns pensem que eu possa estar fazendo bom uso das minhas excelentes
habilidades dramáticas, mas a verdade, é que tudo isso não passa de saudade…
Saudade que começou branda, como uma 1ª Espécie, tão minúscula e compacta
que eu nem era capaz de percebê-la; aos poucos, seus primeiros sinais foram
notados: agora, ela era mais perceptível como uma 2ª Espécie, que já alterna
mais entre notas nostálgicas e imaginativas.
Quando ela cresceu e tomou a forma de uma 3ª Espécie, onde tudo soa fascinante,
movido e cheio de vida, pude perceber que não haveria escapatória… Meu coração
não sairia perfeitamente inteiro quando o momento da despedida se fizesse presente.
Daí até a saudade se instalar no intermezzo de tristeza e gratidão, sua fisionomia
de 4ª Espécie apenas ratificou a proximidade do fim.
E então num dia como outro qualquer, onde os pássaros cantavam e o céu estava
se coloria no mais lindo azul, o ato final se instalou… Mas diferente do que eu
achava, ele não era pálido ou frio, não parecia distante ou dolorosamente sufocante…
Não, na verdade, era sinuoso e cheio de graça, como somente o equilíbrio de sua
5ª Espécie poderia proporcionar.
E diante de tão bela visão, meu coração se inundou num misto profundo demais
de emoções… Às vezes alegria, às vezes tristeza; às vezes vazio, às vezes plenitude;
às vezes silêncio, às vezes sinfonia… Às vezes despedida, mas sempre gratidão.
Hoje, eu tive minha última aula de Contraponto, com o melhor professor que eu
poderia ter encontrado. Não sei quando encontrarei na vida, outra pessoa tão
singularmente estudiosa e ao mesmo tempo, tão acessível. Sempre disposto,
sempre gentil, sempre ao alcance das dúvidas…
E o tipo de gratidão que ele sempre despertará em mim, vai além de todos os
Contrapontos Simples… Transborda para os Contrapontos Duplos, e depois
ainda escorre um bocado mais até ganhar forma em Composições.
Quem sabe um dia, num futuro que eu espero ser bom, não nos encontremos
novamente… Ele com suas Fulvianas, eu com minhas Yasminianas…
É… Seria sensacional! E eu sei que sempre haverá espaço para mais um tom menor.”
ydc, November 23th of 2021, 5 pm.